Perguntou Natanael: “Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá?”
Disse Filipe: “Venha e veja”. (João 1: 46)

Durante o mês de junho de 2019 tive a oportunidade de visitar 5 países na América Latina, se incluir o México (país onde vivo), foram seis. Em meu percurso, um dos principais propósitos era contextualizar-me a cerca da realidade da pobreza em cada um desses países, que mesmo havendo semelhanças, cada um possui as suas especificidades quanto a população, a cultura e os problemas sociais.

Entretanto, percorrendo diferentes favelas encontrei um padrão: a maioria das pessoas que viviam na pobreza vinham do interior, sonhando com as oportunidades na cidade, e encontravam nela um espaço fechado que não lhes dava oportunidades para poder achar um trabalho digno e bem remunerado.

Como se sabe, a maioria das favelas começaram como invasões, de forma irregular, sem água, eletricidade, drenagem e tudo o mais. Em muitos casos, não em todos, existe um nível de violência elevado, consumo e venda de drogas, são espaços controlados por grupos criminosos e não pelo Estado, além de muitas outras realidades que cada um de nós conhecemos.

É provável que ao dizer o nome dessas favelas para algumas das pessoas da cidade, elas vão lembrar de algum comentário, notícia ou algo que tem escutado sobre. Esses comentários são, na maioria das vezes, maus e perpetuam certo estigma sobre a comunidade. Em alguns casos, repetem apenas informações que escutam, muitos poucos são os que já visitaram esses lugares.

É dentro dessa lógica que estava Natanael. Aquela favela (cidade) chamada Nazaré, para os judeus ortodoxos, dela não poderia sair nada de bom, era um lugar desprezível para eles. A pergunta de Natanael, “pode sair algo bom de Nazaré?”, continua ressoando em muitas igrejas e em muitas sociedades, em relação a comunidades que tem sido estigmatizadas há anos.

Todavia, esquecem que Jesus se criou ali, foi onde Jesus aprendeu sua profissão de carpinteiro. Foi ali onde Jesus aprendeu de seu Pai celeste, onde sua cosmovisão e seu ministério foram forjados por 30 anos aproximadamente. Foi onde Jesus apendeu a tradição judia e foi desse bairro “desprezível” de onde saiu para trazer salvação.

Muitos lugares em nossa América Latina, e no mundo, tem sido estigmatizados por anos, creem que nada de bom pode sair de lá, pensa-se que não há esperança para essas comunidades, diante de tudo que se escuta sobre elas. Porém, ao ir a esses lugares, vemos que Deus está trabalhando, o Senhor está trabalhando de uma forma especial através de sua igreja, quando se mostra disposta a ir, e através de seu Espírito Santo.

O que de bom pode sair dali? A resposta de Felipe é um convite que permanece: “Vem e vê!” Venhamos e vejamos que coisas boas podem sair das favelas. Ao estar em cada uma das comunidades estigmatizadas no Peru, Chile, Brasil, Venezuela, Colômbia e México puder ver o mover de Deus. Pude ver que existe muitas notícias boas que estão saindo dali: crianças estão aprendendo a ler e escrever, pessoas adultas que não puderam estudar na infância, estão aprendendo a ler, pessoas que estavam presas nos vícios, agora estão seguindo limpas. O que de bom pode sair? Muita gente está servindo ao Senhor e ao próximo com sua vida e seu trabalho.

“Vem e vê!” é o convite que Felipe fez a Natanael, ao ir se encontrou com o Messias. “Vem e vê!” é o convite que fazemos para você. Para que encontre o Messias trabalhando nesses lugares através das pessoas menos imaginadas. “Vem e vê!” Porque é nas favelas da América Latina que está caminhando o Messias.

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